26 fevereiro 2015

Rorschach da sua Mãe, meu bicho bom!

Nos últimos dias, Francisca tem feito uma espécie de desenhos na Escola que traz para casa, amarfanhados na mochila, mas de onde os retira com orgulho imenso, estendendo-os na minha direcção com as suas mãos ainda pequenas mas que desde sempre carregam tesouros tão maiores do que ela alguma vez saberá. Francisca olha-me de olhos brilhantes e diz-me de sorriso rasgado: 
- São para ti Mánhe, fiz para ti! Olha: aqui estás tu, a minha cadélinha Mofli e eu, vês? 
Pois que... não. Lamento, mas não. Vejo muitos riscos, muitas cores e é isso, assim numa primeira análise a frio. Francisca tem tanto jeito para desenhar como eu, a sua Mãezinha, trôpega de morte nas artes manuais. Mas a maternidade trouxe-me novos olhos, mais serenos, mais atentos, mais sedentos. E com esses olhos, eu, derretidinha de coração tolo de Mãe, digo que estão lindos. Apesar de parecerem ao meu lado racional uns borrões dignos de Rorscharch (e o que vês aqui? belos pastos verdes? então pastai que vos faz bem!) não são os sarrabiscos que me deixam tão de peito cheio... é o acto de mos querer dar, da sua felicidade ao apontar para mais uns riscos toscos e dizer "Mánhe, aqui estou de mão dada contigo, vês?". Não vejo (nem com muita imaginação), mas sinto em mim. E assim, os sarrabiscos tomam a forma que o meu coração quer. E que Francisca me dá.  

1 comentário:

  1. Esta fase é deliciosa... O Francisco numa semana passou dos rabiscos aos bonecos com cabeça que os braços e pernas saem directamente da cabeça...

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