09 janeiro 2015

Sobre não ter medo.

Não ter medo passa também por responder, seja de que maneira for, da maneira que, de acordo com as circunstâncias, se vislumbre como a mais correcta. Não ter medo passa  também por tomar decisões e fazer escolhas. Salvar vidas inocentes a todo o custo. Poderia ter sido qualquer um de nós, poderia ter sido em qualquer País Ocidental. Hoje, não foi só a França que mostrou que não tem(os) medo. Não seremos subjugados em nome de religiões, de crenças, de fanatismos. Não voltaremos (porque a Inquisição existiu e não há nada a fazer sobre isso) a subjugar em nome do que quer que seja. Nem sempre se consegue a paz pela paz, infelizmente. Talvez um dia, a Francisca cresça num Mundo onde o direito à diferença passa pelo dever de aceitar e respeitar. Talvez um dia, dizer-se que a liberdade de uns acaba quando começa a de outros não seja apenas uma frase chavão. Não temos medo de ser Charlie. Mas não podemos, também, não ter medo de não sermos capazes de admitir os nossos erros. Somos Charlie. Mas também devemos ser capazes de ser Ahmed. Subjugar e ridicularizar (sendo que ridicularizar está um passo muito à frente de brincar, satirizar) nunca serão compatíveis com a aceitação e tolerância. Nunca. 

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