19 setembro 2014

Francisca e as suas lamúrias.

O primeiro dia de regresso à Escola correu bem. O segundo assim assim. Depois descambou e Francisca decidiu que haveria de abrir a goela todas as manhãs, num "Mamãaaaaa" carregado de mimo e mimalhice. Parte-me o coração por dentro mas ninguém vê,  ninguém repara e eu sigo, viro costas, subo as escadas e até me rio e digo "ah faz parte, esteve muito tempo de férias". Mas parte-me o coração de Mãe. Francisca acorda todas as manhãs e das primeiras que coisas que me diz, numa choraminguice lamuriada é que quer ir para o Porto. Francisca não quer ir para o Porto porque é o Porto, a minha Cidade, a Cidade dela. Francisca até poderia dizer que queria ir para a Reboleira ou Charneca dos Olivais, se lá estivessem os Avós. Francisca sente falta dos Avós, do mimo deles, do carinho doce e tolo que só os Avós sabem (e podem) dar. Francisca cresceu e apercebe-se das coisas numa dimensão muito diferente da de há um ano atrás. E mais tarde ou mais cedo, Francisca vai perceber que a vida não é feita do que se quer, é feita do que se pode. Até lá, Francisca ainda tem a liberdade (e a felicidade) das crianças pequenas para chorar e lamuriar-se com o que quer, mesmo que isso não a leve a lado algum. Porque a frustração faz parte da vida e é bem melhor aprender desde já o seu travo. 

2 comentários:

  1. Como eu a compreendo, também me apetece lamuriar-me tantas vezes e não posso...

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  2. Tão verdade!!...
    Com o João foi tal e qual. E sim, também ele sente (MUITO) a falta dos avós, do mimo e da liberdade que lá tem. É certo que ajuda ter uns avós por perto. Mas quando hoje lhe disse que íamos visitar os outros avós, os olhos dele até brilharam!!

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