05 agosto 2014

Meu querido mês de Agosto.

Agosto é-me muito querido, muito doce, muito terno. Agosto fez-me Mãe, nos seus últimos dias. Agosto é mês de voltar a Casa, mês por tradição de emigrantes, que regressando temporariamente às suas terras, vibram com tudo o que Portugal lhes oferece: família, festas, comida como gostam. Voltam temporariamente e se temos mais um banco novo em que o Estado enterrou milhões ou se pagamos mais impostos e nos sobra sempre mês e falta dinheiro, a eles não fará diferença na alegria que sentem no regresso. Vibram porque apenas o bom vêem, nos olhos e corações marcados pela saudade. Dos emigrantes que conheço, numa lista que cresce de dia para dia, há os que sonham um dia voltar e os que já aceitaram que não o farão. Nem eles, nem os filhos, muito provavelmente já nascidos fora deste Jardim à beira mar plantado. Não emigrei de vez mas sou estrangeira no meu próprio País, saída da minha Cidade. Sou estrangeira nas ruas por onde passo todos os dias. Achei que com o tempo o sentimento de "não pertença" me passaria, mas não. Já me habituei a ser turista-migrante onde moro. Já não me importo. Volto a Casa com a mesma alegria com que os emigrantes regressam à sua Terra, mas eu tenho a vantagem de ser migrante neste Portugal tão pequeno e grandioso e Casa estar à distância da minha possibilidade e vontade de ir. Francisca está com os Avós. Francisca diz que não quer voltar, argumentando, do alto dos seus quase 3 anos, que ali é mais bonito. Até poderia refutar a constatação da Piquena se algo houvesse para o fazer, mas Francisca apenas constatou o óbvio. Lá é mais bonito. Lá é mais meu. Lá, é e será sempre, mais nosso. Aqui, seremos sempre (e)migrantes. Mas não faz mal. Lá, a Norte, será sempre Casa. No final deste querido mês de Agosto que é teu Francisca, vamos a Casa de novo. Onde é mais bonito.

1 comentário:

  1. Adoro Agosto (ou não fosse o meu mês e o de ser mãe) mas também adoro estes teus textos... Quando voltares a Casa avisa!

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