Talvez seja de uma geração de sonhos com o prazo fora de validade. Olho à minha volta e apercebo-me de que não foram apenas os meus sonhos que ficaram num lume extinto. Olho à minha volta e também me apercebo que os sonhos são muito voláteis na realidade destes dias. Azedam depressa de mais, fermentam rapidamente. O sonho das nove da manhã é automaticamente substituído por um outro qualquer às três da tarde. No entanto, constato também que a capacidade de sonhar ainda não se perdeu, ou pelo menos, não se perdeu por completo. Aceita-se que os sonhos caducam, passam de moda, deixam de fazer sentido, mas não se aceita deixar de sonhar. E no fundo, por muito que seja de uma geração com os sonhos fora do prazo fora de validade, de sonhos estragados e desfeitos, sou de uma geração que está cada vez mais a aprender que o agora é tão, mas tão mais importante que o ontem ou o daqui a 15 dias. Porque até lá, os sonhos vão mudar. De direcção, de cor, de forma, de sentido. Mas não vão deixar de existir.
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