25 agosto 2013

Speaking of the Devil...

Em breve, a marca dos 2 anos será atingida. Dois anos de Francisca. Dois anos de mim enquanto Mãe. Acho discutível o facto de se começar a ser Mãe no momento em que se sabe que nunca mais estaremos sozinhas neste Mundo ou se se começa quando nos passam uma criança para os braços. Não vou por aí. Neste ano que passou, deixei a medicação que me ajudou a superar a depressão pós-parto numa gaveta. Continuam a estar no mesmo sítio onde os deixei. Claro que também continuo a ter os meus dias. Estaria a mentir se dissesse que não tenho dias em que me assusta de morte perceber que há alguém neste Mundo que vai sempre precisar de mim, que olha para mim à procura de respostas e soluções. Estaria a mentir se dissesse que não tenho dias em que ponho a cabeça entre as mãos e me pergunto se não estarei a fazer tudo ao contrário e "oh meu Deus, e se ela cresce e me odeia porque fiz tudo mal?". Tenho desses dias, ainda. Mas acredito que agora estão fora do âmbito do patológico. Já não tenho ataques de pânico quando a ouço chorar, aprendi a serenar-me. Aprendi e aceitei finalmente que não estava preparada para ser Mãe. Que não sou uma "natural" na coisa, como há muitas Mulheres que o são. Admito-o sem problema algum e quem tiver problemas com isso pode atirar-se aos cães. Tenho dias em que penso se serei capaz. Mas a diferença, é que agora, enfrento-os. Choro se me apetecer chorar porque "it's my party and I cry if I want to". Depois, desligo a emoção por uns segundos, páro e penso com a cabeça, agora lúcida, sem o Devil que me fez companhia no primeiro ano de Maternidade. Acredito que de certeza absoluta que estou a fazer muitas coisas mal. Mas acredito ainda mais que devo estar a fazer muitas mais coisas bem, porque a Francisca é uma criança feliz. Sobretudo, acredito que sou a melhor Mãe que sei. Aprendi a acreditar nisso. A depressão dói. É uma dor excruciante que põe tudo em causa, até se valemos a pena o oxigénio que consumimos.  Mas é uma dor que se consegue ultrapassar, no seu tempo certo. A caixa vai continuar ali, a lembrar-me do que ficou para trás. Para eu continuar a ver tudo o que vem para a frente, à nossa frente. Com um sorriso, especialmente, o dela. 

5 comentários:

  1. Princesa, todas nós temos dias em que duvidamos de estar ou não a fazer o mais certo. Todas erramos, disso não há dúvida. É assim mesmo, faz-se o melhor que se sabe. No meu caso ser mãe estava-me entranhado na pele desde muito nova... e não é por isso que sou melhor ou pior que outra mãe qualquer. Sou a mãe da Gabriela.

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  2. És uma supermãe e eu sei disso que já vi, não é pelo que dizes aqui. Tens uma filha linda, despachada e desempoeirada e isso não vem do nada, isso vem do que lhe ensinas e da mãe que és para ela!
    Um beijinho enorme

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  3. Que texto tão bonito. Muita força e parabéns! Nota-se que és certamente uma excelente Mãe!

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