Os meus Pais desaprovaram quase todas as decisões que tomei na minha Vida, muito em particular, a minha Mãe. A minha Mãe é uma pessoa extremamente ácida, dura, não mede o impacto das balas que as suas palavras conseguem ser, só se apercebendo da dor que provoca quando vê os olhos rasos de água. Não retira o que disse, não altera a sua linha de pensamento, explica apenas que não tem o direito de me mentir e deixar de dizer o que verdadeiramente pensa, porque é minha Mãe e nunca ninguém me amará como ela. Sempre reprovou quase tudo que escolhi para mim, desde gostar de jeans rotas ao curso que fiz, insistindo até hoje que sim senhor, bata branca, mas de outro calibre. Se calhar, quase de certeza, ser Mãe também passa por aí. Em discordar, torcer o nariz mas quando chega a hora em que se precisa, apoiar, dar o litro, mesmo pensando I told you so... E se calhar, parte de crescer, é ter coragem de admitir que se estava errado. Em surdina, milhentas vezes pens(o)ei que ela sabia mais que eu e que a devia ter ouvido. Talvez um dia, eu cresça o suficiente para lho dizer olhos nos olhos. Mesmo que os meus fiquem rasos de água. Talvez um dia lhe diga que sim, tinhas razão, mas não em relação a jeans ou canudos. Um dia, serei eu do outro lado. Não sei como serei quando a minha Filha começar a tomar as suas decisões sem precisar do meu aval. Sei que pode contar comigo. Incondicionalmente. E com a verdade dos meus pensamentos.
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Parece que estás a falar da minha mãe...
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