Tenho saudades de andar de comboio. De sentir que vou a algum lado. Que vou para algum lado. Que me levam para algum lado. De ver a paisagem correr em sentido contrário. De pegar na saca e esperar numa plataforma. De o ver chegar. De ir. De sentir o doce embalo sem adormecer. De por a música que me apetece e ir. De ir buscar um chocolate e o saborear. No doce embalo de um comboio, de olhos fechados, música minha e doce na boca. De ver as pessoas passarem. Umas carregadas. Outras com pouco. Umas com ar de quem vai em trabalho. Outras de passeio. Das crianças que andam pela primeira vez de comboio e do espanto na cara delas. Da alegria na cara delas. De ouvir o apito de partida, talvez o de chegada para alguns. O de despedidas ou o de reencontros para outros. Tenho saudades de pegar na minha saca e ir. De me deixar embalar sem adormecer. Saudades de sentir que me levam para algum lado, num doce embalo, quase pela mão, quase ao colo. Tenho saudades de andar de comboio.
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