06 janeiro 2013

Let's talk about the pink elephant in the room...

Estou há dois meses e uns trocos meds free, com autorização de meu médico maravilhoso do coração, ao qual agradeço imenso ainda por cá andar. Foi um processo longo e moroso este. 
Quando me viu, lavada em lágrimas e umas semanas depois de parir arrastada por Mêhóme e minha Mãe pela porta do consultório (obrigada por verem o que eu me recusei a admitir), deu-me uma catraifada de coisas. Anti-depressivo, ansiolítico e mais uma treta qualquer que me dava a serenidade que eu não sentia. O não amamentar facilitou muito este processo, tenho de o admitir. Permitiu-me tomar tudo o que a indústria farmacêutica tinha ao meu dispor. Médico do meu coração disse-me que ia ficar bem, que eu ficava sempre bem. Só tinha de arranjar força, mas que sabia que Eu estava ali e voltaria a derrotar o bicho papão. Saí de lá cheia de medo de falhar e ser uma nódoa enquanto pessoa. Tinha uma filha que nem um mês tinha, dez reis de gente que dependiam de mim para crescer. Tinha um Marido que sofria ao ver-me assim, mesmo sem mo dizer descaradamente. Tinha Pais que venderiam a alma ao Diabo para me ver bem e que trocavam de lugar comigo de bom grado. E foi neles que ganhei força para andar para frente. Tomei a medicação direitinha e ao fim de umas semanas comecei a sentir-me melhor. Voltei a sorrir com vontade, deixei de chorar copiosamente de manhã à noite e de sentir o pânico e a sensação de incapacidade a toda a hora. Voltei ao consultório já sem ser preciso arrastarem-me. Falamos durante muito tempo, dos progressos, dos avanços, dos recuos, dos medos, das certezas, da vida e das cusquices da hora. Quando se conhece alguém desde os 13 anos, já se fala de tudo e óh Doutor está cada vez mais velho, já viu? A medicação manteve-se dessa vez. Tempo volvido, retirou-me o que outrora me trouxera serenidade e agora me dava sono de morte. O resto ficou mais uns meses, o tempo que achou necessário. Depois foi o ansiolítico que passou a ficar na caixa. O anti-depressivo manteve-se até há coisa de 4/5 meses. Primeiro, dia sim, dia não. Depois, com ordem para tentar deixar de vez. Assim o fiz. Há dois meses e uns trocos que não lhe toco. Está ali ainda meia caixa e sempre que a vejo lembro-me que eu consigo. Claro que tenho dias menos bons, dias em que me sinto à deriva. Mas sobretudo, tenho dias muito, muito, muito bons, meds free. Se tenho orgulho neste pedaço de mim? Não. Mas também não tenho vergonha nenhuma. Sou eu, assim. Agradeço a Mêhóme e aos meus Pais por nunca desistirem. E a esse médico que tem nome de santo para mim. E a mim também, por acreditar que era capaz. E se por acaso alguém se encontrar na situação em que eu me encontrei e ler este bocadinho de mim, acreditem que o sol vai brilhar de novo. Meds free. 

6 comentários:

  1. e preciso muita coragem e muito apoio das pessoas que mais gostamos.
    uma historia muito pessoal e de muita coragem, obrigada por teres partilhado :)

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  2. Ui, bem sei do que falas. Este ano com tanta mudança e sofrimento na minha vida, tive de levar com a mesma catrefada. Mas agora estou já a tentar fazer o desmame da porcaria do antidepressivo. Não gosto nada daquilo, mesmo. Acho que até faz pior, honestly. O xanax da noite é que é mais dificil. Porque dormir sem ele é dormir 2h e acordar esperta que nem um rato. Mas hei-de conseguir o desmame novamente. O que me tem dado forças tem sido as boas perspectivas de felicidade que se avizinham. Deixei toda uma vida para trás, mas acho que a nova me vai sorrir. E isso nenhum antidepressivo substitui.
    Bjo enorme e muita força

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  3. E só de conseguires falar do pink elephan agora e como sempre falaste, já mostra a pessoa resolvida que és... O resto são agulhas que todos temos que acertar, sempre, com ou sem meds...
    Um beijinho enorme

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  4. Um beijo enorme, minha querida.
    Admiro-te muito, também, por isto.
    Por o falares, por o resolveres, por seres assim.

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  5. Parabéns pela coragem, em partilhar, em acreditar. beijinhos

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  6. Parabéns pela tua força e coragem!!
    Fico feliz por ti:-)

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