05 junho 2012

Multitask?


Eu tenho de segurar as pontas soltas, assegurar que a criança não fica esquecida em casa e que há quem cuide e olhe por ela nas horas em que tal não me é possível.  E levantar-me a meio da noite ou porque estou sozinha (coisas de 450 km)  ou porque ah e tal é no teu colo que ela se acalma melhor vai lá tu. 
Eu tenho de sair à rua minimamente (não se pode exigir mais) decente, que os olhares inquisidores se destinam maioritariamente a mulheres que homem de fato de treino da selecção é "fashione" e patriótico. 
Eu tenho de andar com a vida profissional para a frente, fazer-me à vida e ai não queimaste tantas pestanas e assassinaste neurónios para agora morreres na praia. Espera-se de mim ter uma carreira brilhante. Ou só ter uma carreira. Ou fazer alguma coisa da vida. 
Eu tenho de escrever a Tese a tempo e horas (se quero guardar o dinheiro de um ano de propinas) e num Inglês imaculado. E depois, defender com unhas e dentes o que debitei e testei em tantos anos e que agora se resume numas 200 páginas que não irão ganhar mofo numa qualquer biblioteca universitária porque já se usa suporte digital. 
Tenho de chegar ao fim do dia bem disposta para brincar. E ver se há sopa e fruta e fraldas e toalhitas e creme e chá e variar a alimentação e a introdução de novos alimentos.  E ainda saber porque chora a criança, onde está o par da peúga, em que gaveta estão as leggings. E discutir com São Pedro a meteorologia do dia seguinte para poder escolher os "outefites" e não sair de casa numa versão Dinastia. 
E quando me perguntam porque estou tão cansada, apetece-me comer o fígado do inquiridor. Com cebolada. 
No fundo sou Mãe... mas há dias em que só queria dormir. E babar-me de tanto dormir. Sou rapariga de parcas aspirações em dias assim.  
Multitask? O camandro minha gente!!!

4 comentários:

  1. Como te percebo e o que me (nos) vale é o sentido de humor com que vamos levando as coisas.
    Ando tão, tão cansada, apesar da precisosa ajuda do meu marido no sistema dos turnos (que é óptimo e recomenda-se), que ontem não jantei, apesar de ter ouvido ao longe que tinha qualquer coisa preparada para mim, adormeci no sofá com o pequeno ao colo, que alguém entretanto fez o favor de acomodar no seu quartinho, não sei como fui parar à cama, tenho uma visão algo amnésica de tudo o que se passou. Estou a dar as últimas, acho eu.
    E cada vez mais admiro as mães solteiras, mesmo! Não sei como conseguem!

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  2. É isso tudo e mais um par de botas, e temos que andar de cara alegre que ninguém tem paciência para o nosso cansaço ou para os nossos maus fígados!

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  3. Estou tão, mas tão solidária contigo... Mas tudo se vai compondo, a seu tempo.
    Beijinhos

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  4. Ando tão cansada, minha querida.
    Tão cansada.
    E este post diz tanto, mas tanto do que sinto e penso!
    Ah! e cara alegre!

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