22 maio 2012

Agora que o nevoeiro se começa a dissipar...

 
Olhando para trás, apercebo-me que as primeiras três semanas de vida da minha filha são um absoluto nevoeiro cerrado para mim. Não me lembro de lhe dar banho quando chegamos do hospital, de que lençóis tinha no berço, de lhe mudar fraldas, não me lembro de tantas outras coisas que só fotografias me fazem acreditar que as fiz. Foi como teve de ser, adiante. 
Não sou leiga no assunto, a depressão é minha velha conhecida. O que me leva a pensar... E se fosse leiga? Se não soubesse nada de nada sobre esta doença? Se as pessoas à minha volta não tivessem tido o discernimento de ver que alguma coisa estava mal e assumissem que era normal, que com o tempo passava? Qual teria sido o desfecho?  
Não acho que se deva massacrar as futuras Mães com as perspectivas do que pode correr mal, não vamos por aí. A gravidez já acarreta uma série de ansiedades per se, não é necessário adicionar mais. Mas falar sobre o que pode correr menos bem, alertar para os eventuais bumps on the mommyland road seria bom. Ser Mãe é maravilhoso, mas não é cor de rosa all the way all the time. Seja porque se sofre com DPP, seja porque há outras alterações ao percurso inicial que ocorrem e para as quais não se prepara... E talvez assim, a vergonha associada a este tipo de situações deixe de existir. 
É só uma opinião, vale o que vale... 

6 comentários:

  1. Sinto-me tão menos só, agora.
    Quando engravidei tinha a certeza de que, depois de o nosso filho nascer, nem tudo seria cor-de-rosa, porque a experiência de outras pessoas que me são próximas assim me tinha ensinado. Por essa razão, preparei-me (preparámo-nos) para uma série de contrariedades. Mas a que me bateu à porta não era afinal nenhuma dessas que já conhecia, era, sim, um sentimento de ausência, de afastamento de quem antes só tinha olhos para mim, como me referi no meu blog. E recusei-me a falar do assunto com quem me é próximo por vergonha, a vergonha de que falas.
    Por isso o que escreves vale muito, vale mesmo.

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  2. A minha gravidez foi muito desejada e planeada e pensei que iria correr tudo bem, mas quando o Miguel nasceu também sinto que fui apanhada por esse nevoeiro...tantas dúvidas...cheguei a rejeitar o bebé...ele chorava e eu chorava com ele...isto demorou cerca de 4 semanas e depois passou do nada ( a médica chegou a receitar-me medicação, mas eu não tomei). As pessoas à minha volta só sabiam dizer:"eu não percebo porque estás assim...o bebé é lindo e saudável...porque choras?"...enfim...já passou!

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  3. Os primeiros 3 meses de vida do Valentim também os passei sozinha sem a ajuda do marido. Se já com os companheiros ao lado é puxado, então no meu caso(e no teu caso) que os companheiros estão longe, ainda mais puxado é.

    E olhando para trás também não sei como consegui e não tive nenhuma depressão.
    É claro que me sentia triste e cansada, mas sabia que não podia ir abaixo, o meu bebé precisava das minhas forças e eu precisava de ter forças para cuidar dele. Acho que foi isso que me fez ter sempre força. Não por mim, mas por ele.
    Mas é verdade, pelos nossos bebés vamos buscar forças onde pensamos que não existiam.

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  4. Olha, eu leio-te e apetece-me chorar! A verdade é que ter um filho é a melhor coisa do mundo mas pode ser a pior também e ninguém nos avisa disto!
    É aprender a aceitar que não somos Deus, que não controlamos o mundo e que muitas vezes nem o mais básico está ao alcance das nossas forças! Ontem estava deitada na cama e ouvia o bebe da minha vizinha de cima a chorar e deu-me um aperto no peito, acho que ainda são feridas recentes e ainda não consigo aceitar muitas das coisas que se passaram...

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  5. Talvez (ou não) por me ter calhado na rifa um bebé fácil, felizmente não passei por nada muito profundo (ok, tive os meus baby blues com ataques de choro repentinos sem motivo aparente, mas que também repentinamente se sumiram), mas conheço alguns casos mais complicados e realmente é um assunto que merece alguma preparação na gravidez (se é que isso é possível (?) ) A maternidade pode ser o melhor das nossas vidas, mas não é tudo florido e belo todos os dias....

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  6. olha minha querida.
    estou aqui de lágrimas nos olhos.
    sei bem do que falas. senti (e sinto ainda) muito do que falas.
    o meu pequeno foi o melhor que me aconteceu (que nos aconteceu) mas com ele vieram outras coisas "muito pouco boas".
    eu sabia que não seriam violinos a tocar o dia todo e flores a serem atiradas para o chão eqnquanto comtemplava o meu filho, mas também não esperava muito do que aconteceu.
    não é fácil, não senhora.
    mas ajuda ouvir/ler coisas destas. te garanto!

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