Diziam na rádio hoje de manhã que Portugal é um dos países com a taxa de natalidade mais baixa (o segundo, salvo erro). Que a nossa população envelhece dia após dias e que morre mais gente do que a que nasce. Tudo com entoação de espanto perante os resultados obtidos. Não sei porquê.
Tive a minha rica filha. Não penso em ter mais. Para além da gravidez difícil e do desastre da amamentação, que ainda hoje vivo com as sequelas, e da depressão pós-parto, outros factores pesam nesta decisão.
Tenho a sorte e a felicidade de poder contar com o apoio da família. A minha filha fica com os Avós porque eles podem. Mas se não pudessem, uma creche ou ama seria um peso considerável no orçamento familiar. 300 e muitos euros (em média) por mês só para isso fazem rombo no bolso. Se fosse necessário, óbvio que sim. Mas tenho a sorte de não ser. Quando chegar a altura (1 ano, 2 anos) a Francisca irá para um infantário (devia dizer colégio que é mais chique, não é?). Nessa altura, irei procurar um sítio decente. Junta-se às despesas a quantia gasta em leite e alimentação afins, fraldas, toalhitas e toda uma parafernália de cremes e coisas necessárias e que não, não servem para meter no IRS. A roupa serve uma semana e na seguinte é para arrumar (é bom sinal, está a crescer a minha bebé). Podia comprar números muito acima, mas chega a um ponto que nem ela fica confortável com pano por todo o lado, parecendo um espantalho. Poderia embrulhá~la num lençol à espera da última moda, como o Bocage, mas não me parece minimamente sensato.
Depois há as consultas de Pediatria. Sei que poderia só levá-la ao centro de saúde, mas a médica que me saiu na lotaria SNS não vê nada à frente de criancinhas. Mais as vacinas não comparticipadas pelo SNS, que muito bem, só dá quem quer pode e que não ficam nada em conta. Mas antes prevenir que remediar.
A somar a isto tudo, há as condições hilariantes oferecidas a quem pariu um filho. Começa logo na "benevolência" dos 5 meses de licença, em que basicamente um mês inteirinho de ordenado vai para o esgoto. Horário reduzido não tenho porque não amamento. E mesmo que o fizesse, tenho sérias dúvidas que seria uma possibilidade usufruir dele. Não tenho direito a abonos ou qualquer tipo de ajuda monetária do Estado falido por ter uma filha. Não me queixo de não a ter porque tenho em mente que há famílias que precisam mais que eu. Mas como o sistema é frágil, há sempre quem não precise e tenha e quem precise e não tenha, o que me causa séria comichão cerebral.
Não disfruto da minha filha tanto tempo como gostaria, mas tenho de trabalhar. Ser stay at home mom não é viável.
Chego a casa cansada e "só" tenho uma para dar banho, vestir, alimentar, brincar, adormecer. Admiro muito mulheres que têm 3, 4 crianças e que ainda conseguem ter uma vida profissional, primando na excelência no papel de Mãe e no de trabalhadora. Pode ser uma questão de disciplina, mas por muita disciplina que tenha, porque tenho, o meu dia não tem mais de 24 horas e há necessidades básicas a cumprir.
Quero dar o melhor de mim à minha filha. Quero proporcionar-lhe o melhor possível a todos os níveis. Por isso, algo está mal. Não sou só eu a querer ter apenas um filho (eu sou filha única...). A média é 1.3 filhos por família. Nada que me espante...
Ter um filho é um acto de puro amor, mas nos dias que correm, também é de muita coragem...
Imagem retirada daqui...
Concordo com muito do que dizes... Falta-me tempo e dinheiro para pensar em mais filhos...
ResponderEliminarSó uma coisa, tens direito a horario reduzido até ao ano se não amamentares, só tem depois do ano quem amamenta e enquanto durar a amamentação...
Ora nem mais, a juntar o facto de cortarem todos os subsidios e mais alguns a casais que recebam ordenados de 700€, é que 700€ á uma fortuna (não falo de mim infelizmente).
ResponderEliminar5 meses de licença é uma vergonha, pagar 350€ de infantario....sem comentarios! É de loucos! Eu gostava de ter mais um e gostava de ter seguidinho mas olha não dá...pode ser que daqui a uns tempos a minha "sorte" mude. Até lá, tenho a minha Beatriz para aproveitar, mimar, estrafegar e mais coisas acabadas em ar :p
Eu gostava muito de tentar ter outro bebé.
ResponderEliminarMas cada vez que penso nisso, que penso em tanto do que descreves aqui me assusto.
E a vida o dirá, mas que a gestão terá que ser muito diferente terá.
E a Magui tem razão em relação ao horário reduzido.
Beijinho*
Concordo contigo! As dificuldades são muitas e difíceis de ultrapassar, a mim cortaram-me o subsídio de natal a que teria direito, o resto das férias do ano passado e só tenho uma hora de amamentação :( Mas ainda assim, daqui a uns 2 anos, queria ver se consigo ter um segundo bebé.
ResponderEliminarQuanto ao horário reduzido, não tens direito por amamentação mas tens direito por aleitamento. Vê na lei da parentalidade.
Bjs**
Leni